28 novembro 2006

Jornais desportivos

No Record de hoje, edição online:

"222 quilómetros por hora, aproximadamente. Foi esta a velocidade que atingiu o petardo disparado por Ronny que só parou no fundo das redes da baliza da Naval e foi decisivo para garantir os três pontos.

O cálculo tem como base não só o tempo que a bola demorou a chegar à baliza (28 centésimos de segundo) como a distância percorrida (16,5 metros). Admite-se, no entanto, que a velocidade possa ter sido ligeiramente mais elevada, uma vez que o jogador brasileiro se encontrava descaído para a direita e a bola entrou junto ao poste mais distante, não descrevendo uma linha recta, mas sim uma diagonal."


Ora bem, não sei o que é mais aflitivo: o facto de eu ter ido ler a edição do Record ou a forma original com que um simples fenómeno físico ganha contornos quase metafísicos.

Repare-se:

"O cálculo tem como base não só o tempo que a bola demorou a chegar à baliza (28 centésimos de segundo) como a distância percorrida (16,5 metros)"
isto é absolutamente genial. Uma velocidade calculada não só em segundos mas sim em metros por segundo - ah, não, afinal são quilometros por hora - é concerteza uma inovação digna de um Nobel

"não descrevendo uma linha recta, mas sim uma diagonal"
mais uma pérola. Anda uma mulher toda a vida a estudar para se aperceber subitamente que uma diagonal pode não ser uma linha recta. Onde andava o Pitágoras neste jogo?


Estou rendida. O Jornal Record passou a ser uma das minhas referências no humor em Portugal.

Ah, já agora... 28 centésimos de segundo para percorrer 16,5 metros dá uma velocidade aproximada de 212 km/h. A Física e a Matemática sempre de mãos dadas.

23 novembro 2006

Tempo




Precisava de uma coisa destas.

Para os menos aficcionados do Harry Potter, é um Time-turner, que a Hermione tinha para poder ir a várias aulas ao mesmo tempo.

Daqui até Sábado precisava de uns bons 5 ou 6 dias... não está nada fácil...

22 novembro 2006

Dia estranho



Acordo sobressaltada com o toque do despertador. Mais uma noite a dormir pouco.
Saio da cama, visto-me devagarinho depois das tarefas rotineiras da casa de banho.

Não me apetece.

Hoje tenho aulas e não as preparei, sinto-me uma menina pequenina apanhada em falta, e não gosto. Não tenho sono, já que acordar depois das 7h30 é um luxo a que o meu corpo já não está habituado, preso que está à rotina das 6 da manhã.

O gato quer brincar.

Arrasto-me para a cozinha, onde fico meia perdida... por um momento não sei o que fazer a seguir. O meu corpo está num sítio, mas a minha mente está longe, muito longe.
Toca o telemóvel, estridente e alegre demais para o ambiente de sons abafados de início de manhã.
Boa, não há aula.

Volto ao corpo parado no meio da cozinha - deve ter ido buscar o telemóvel e voltado, mas não me apercebi - e tento decidir o que fazer. Volto para a cama? Vou trabalhar já? Fico em casa a estudar? Vou para a escola e aproveito o tempo?
O sono já se perdeu - às vezes invejo quem se mantém meio a dormir por 1 ou 2 horas. A cama vazia não é uma opção. Ir trabalhar era engraçado, tenho tanto que fazer... mas chegar assim a meio da manhã ia quebrar o modelo esperado, exigir explicações que não tenho vontade de dar. Se ficar em casa também não vou fazer nada de jeito, parece-me.

Venho para a escola.

O trabalho que temos que fazer é muito muito chato.
Mas tem que ser feito. Por isso é melhor parar de escrever este post.

Quando chegas, para conversar comigo?

21 novembro 2006

Para lembrar, sempre



Muere lentamente

Muere lentamente quien no viaja,
quien no lee,
quien no escucha música,
quien no halla encanto en sí mismo

Muere lentamente
quien destruye su amor propio;
quien no se deja ayudar

Muere lentamente
quien se transforma en esclavo del hábito,
repitiendo todos los días los mismos senderos;
quien no cambia de rutina,
no se arriesga a vestir un nuevo color
o no conversa con quien desconoce.

Muere lentamente
quien evita una pasión
y su remolino de emociones;
aquellas que rescatan el brillo de los ojos
y los corazones decaídos.

Muere lentamente
quien no cambia la vida cuando está insatisfecho
con su trabajo, o su amor;
quien no arriesga lo seguro por lo incierto
para ir tras de un sueño;
quien no se permite,
por lo menos una vez en la vida,
huir de los consejos sensatos…

¡ Vive hoy !
¡ Arriesga hoy !
¡ Haz hoy !
¡ No te dejes morir lentamente !
! No te olvides de ser feliz!

Pablo Neruda

Para ti, para que nunca te esqueças nem esmoreças. Porque eles não sabem do que falam quando pedem que sejas razoável. Atreve-te.



Notas

Bem, o tempo para escrever aqui tem andado curto... e quando tenho algum tempo tenho sido atacada de uma falta de inspiração galopante.
Isso ou uma certa pessoa me anda a ocupar quase todo o tempo livre... outras conversas.

Bem, saiu a primeira nota oficial, esta já conta: 17.

Tenho que ver a distribuição das classificações para perceber se foi bom, ou se foi apenas razoável. Depois dou notícias.


Adenda: a questão do tempo livre quase todo ocupado é tudo menos uma queixa. A pessoa em causa faça o favor de não dizer disparates. Obrigada.

02 novembro 2006

Fins de tarde

Fui assaltada por uma recordação quase a 3 dimensões, como se tivesse de repente posto aqueles óculos com lentes às cores e olhado o meu álbum de memórias.
Numa fracção de segundo deixei de ser a mulher de 30 anos sentada no seu gabinete a olhar pela janela, na tentativa de se escapar momentaneamente à pilha de papéis a tratar, e sou outra vez a menina de 7 anos, arrapazada e traquinas, a passear de mão dada com o meu pai na Avenida Fernão de Magalhães, num fim de tarde de Outono, depois da aula de Inglês enquanto esperavamos o meu mano.
E vejo as luzes das montras das lojas, com as roupas quentinhas. E caminho, meio a correr, meio a saltitar, para acompanhar os passos pausados e grandes do meu pai. E conversamos, falamos tanto! E sinto o cheiro dos bolos da confeitaria ali ao lado, e o barulho dos carros, das pessoas que se apressam para chegar a casa. Tenho o nariz frio, mas a minha mão - perdida naquela mão enorme de Pai - está quentinha quentinha.
Regresso ao hoje, ao meu gabinete 2a casa. Já não estico o braço para dar a mão ao meu pai, mas ainda passeamos os dois pelas ruas, de braço dado, conversando muito sobre tudo e nada. E sabes, Pai, é tão bom como era naqueles fins de tarde!