Gatos
O meu gato é um amor, adoro-o. Já não sei viver sem aquele pestinha preto. Mas de vez em quando a minha paciência é severamente posta à prova. Como hoje.
Cinco e meia da manhã e ouço um barulho de coisas a cair. Acendo a luz e está o Sr. Ónix empoleirado em cima do monitor – tendo derrubado tudo à sua passagem.
Admoestação verbal e física – na forma de uma bela palmada. Apago a luz. Nem dois minutos depois, mais um barulho, ligeiramente diferente. Acendo a luz mais uma vez, para encontrar a peste no mesmo poleiro. Desta vez o percurso tinha sido outro, derrubando mais coisas à passagem. Admoestação mais intensa. Expulsão do quarto.
Assim que apago a luz, para tentar dormir o pouco tempo que me resta até ao despertador tocar, começa a serenata. Que afinado mia o meu gato!
Pena é ser alto... e ser madrugada. Desisto, abro a porta, ponho tudo o que parece derrubável no chão e enfio a cabeça debaixo da almofada. Agora quer brincar. Comigo. Salta por cima de mim, mordisca-me os pés, dá pancadinhas com as patas na minha cara...
Agora tenho sede... raios! Corro à cozinha e bebo um copo de água. Pouso o copo e corro de volta para a cama.
Seis menos um quarto. O gato ficou na cozinha a comer, parece que vou ter sossego. Adormeço. Barulho de algo a partir em grande estilo. O copo! Corro para a cozinha, varro os vidros, rogo uma praga ao gato que juro que se está a rir.Volto para a cama. Agora vem-me ronronar ao ouvido. Que riqueza. Pena é soar como um cortador de relva mal afiado. Sossego, enfim. Seis e vinte. Oh joy! Dez minutos para o despertador...